Comprar um telescópio

Telescópio AmadorEste artigo apresenta algumas dicas importantes para quem pretende comprar um telescópio. O que é um telescópio? O que é uma luneta? Quando comprar um telescópio? Que tipos de telescópios existem? Existem alguns pontos básicos a ser levados em conta antes de efectuar tal compra. Vamos saber mais sobre o telescópio e como utilizá-lo.

É natural que, ao entrar em contacto com as maravilhas que pode observar no céu noturno, sentir o desejo de adquirir um instrumento óptico que permita ver a superfície da Lua com seus montes e crateras; ver com mais pormenores os planetas do Sistema Solar; observar o céu profundo, tal como nebulosas e galáxias, entre outros objetos celestes.

Antes de comprar um telescópio astronómico, é necessário certificar se tem o conhecimento básico necessário para poder tirar o melhor partido dele. Não basta possuir esse instrumento óptico e apontar para um qualquer ponto no céu. É fundamental saber para onde apontar! Caso contrário pode ficar decepcionado e colocar o telescópio de lado ficando com a sensação que foi dinheiro desperdiçado.

Antes de adquirir um telescópio é fundamental ter alguns conhecimentos sobre o céu noturno, nomeadamente reconhecer as principais constelações e saber identificar no céu as estrelas mais brilhantes. Se ainda não está familiarizado com isso então precisa de ter um mapa celeste que pode encontrar em livros e revistas de astronomia, ou até mesmo online. Um software que poderá ajudar nesse sentido é o Stellarium.
Munido de um bom mapa celeste deverá de procurar identificar as principais constelações e suas estrelas. A observação à vista desarmada é de fundamental importância! Deverá de dedicar algum tempo até ficar familiarizado com o céu noturno.

Depois disso, seria bastante importante observar o céu noturno com uns binóculos antes de passar ao telescópio. Com uns binóculos poderá conhecer melhor o céu, observar corpos celestes que não são visíveis a olho nú, e permite ganhar alguma experiência de observação ao utilizar um instrumento óptico mais fácil de manusear e que permite observar o céu com um campo de visão maior que através de um telescópio. Uns binóculos 10X50 são suficientes para tal. Mas o que significa “10X50”? O primeiro número “10” diz-nos que com estes binóculos veremos os objetos 10 vezes maiores que à vista desarmada, ou seja, refere-se à ampliação dos binóculos; o segundo número “50” informa-nos sobre o tamanho das objetivas dos binóculos em milímetros. A ter em conta que quanto maiores forem as objetivas, maior a capacidade de captação de luz e consequentemente maior a luminosidade das imagens; por outro lado quanto maior for a ampliação menor será a nitidez das imagens. Se pretender comprar binóculos, os 10X50 ou mesmo 7X50 são suficientes. Existem binóculos com objetivas e ampliações maiores, mas normalmente são instrumentos ópticos relativamente caros.
Apesar dos binóculos possuírem limitações se comparados com os telescópios, os binóculos continuarão a ser importantes, mesmo depois de ter adquirido o telescópio.

Depois de ter observado o céu com uns binóculos durante tempo suficiente para conhecer melhor o céu e estar familiarizado com as potencialidades deste instrumento óptico, poderá então pensar em comprar um telescópio.

Depois de ter chegado a esta fase vamos então nos debruçar mais no assunto de qual telescópio escolher. Vamos desde já começar por ver que tipos de telescópios existem:

telescópios refratores, também conhecidos por lunetas, são constituídos por um tubo longo que possui uma lente objetiva numa extremidade, lente essa que vai receber a luz do exterior. A luz é então refratada ou encurvada, de modo a formar uma imagem perto da outra extremidade do tubo. A imagem pode ser observada numa lente chamada ocular, que portanto fica na extremidade oposta à da lente objetiva. A ocular é uma lente que pode ser trocada por outra, a fim de alterar a ampliação.

telescópios refletores, são telescópio que possuem um espelho primário como objetiva que se situa no fundo do tubo. Esse espelho é ligeiramente encurvado. Este tipo de telescópio fica aberto na extremidade oposta à do espelho, e é por onde entra a luz. Então o espelho primário reflete a luz para um outro espelho bem mais pequeno (espelho secundário), refletindo a luz para a ocular onde é possível ver a imagem.

telescópios catadióptricos são telescópios que de alguma forma são uma mistura de telescópios refratores com refletores. São constituídos por uma lente que se situa numa extremidade do tubo, onde entra a luz, incidindo posteriormente no espelho que se situa no fundo do tubo (na outra extremidade). A luz é então refletida para um espelho secundário que direciona a luz para a ocular.

Depois desta apresentação muito resumida à cerca dos tipos de telescópios que existem é fundamental termos em conta que um dos aspectos principais num telescópio é a sua abertura, ou seja, o tamanho da objetiva, pois aí reside o poder de captação de luz. Esse poder de captação da luz é proporcional ao quadrado da sua abertura. Para entendermos melhor esse conceito vamos dar um exemplo: o olho humano tem uma “lente” com cerca de 5 mm. Uma luneta com uma lente objetiva de 60 mm tem uma abertura 12 vezes maior que a do olho humano. Ora, 12 ao quadrado são 144. Assim, um objecto celeste visto através de uma luneta (telescópio refrator) de 60 mm aparece 144 vezes mais brilhante que à vista desarmada.
Relativamente à ampliação, esta pode ser alterada mudando a ocular. A ocular é a lente através da qual nós vemos a imagem ampliada. Quando nós apontamos o telescópio para qualquer corpo celeste, a luz inicialmente incide na objetiva e depois a imagem do corpo celeste pode ser vista através da ocular.

Aqui é muito importante termos em mente que na prática não é possível aumentar indefinidamente o poder de ampliação trocando de oculares, pois quanto maior for a ampliação menor será a nitidez da imagem. Para qualquer tipo de telescópio, a ampliação não deverá de ultrapassar duas vezes a sua abertura em milímetros. Ou seja, para uma luneta de 60 mm a ampliação não deverá de ultrapassar muito as 120 vezes. É claro que a qualidade de observação depende muito das condições atmosféricas e da poluição luminosa do local onde estamos, mas esta regra da ampliação não ultrapassar o dobro do tamanho da objetiva em milímetros é um bom ponto de partida para obtermos uma boa nitidez de imagem. Claro que um telescópio de 60 mm poderá aumentar mais que 120X, porém à medida que a ampliação for maior a qualidade de imagem torna-se cada vez menos nítida. Por isso é importante que ao procurar um telescópio não venha a exagerar na importância do poder de ampliação que possa estar a ser publicitada pelo vendedor. É possível até que o vendedor não seja especializado no assunto e nem se aperceba desse aspecto.
Posto isto, um dos aspectos fundamentais a levar em conta é o tamanho da abertura.

Impõe-se aqui uma nota extremamente importante: NUNCA tente observar o Sol com um telescópio ou com uns binóculos sem os filtros solares apropriados, pois tal irá causar de forma imediata danos irreparáveis na sua visão. Existem filtros solares que podem ser comprados nas lojas da especialidade.

Depois de termos visto alguns dos aspectos principais sobre os telescópios, vamos à questão central: Então, que telescópio comprar?

Ainda que, devido ao baixo preço, possa ser tentador adquirir uma luneta de 60 mm, talvez não seja a melhor opção. Uma luneta (telescópio refrator) com objetiva dessa dimensão irá permitir uma observação interessante da Lua (de preferência quanto está em quarto crescente ou quarto minguante, a fase de Lua cheia não é favorável à observação), ou uma observação interessante de alguns planetas do Sistema Solar, mas será um pouco limitado em relação a outros corpos celestes igualmente interessantes, nomeadamente corpos celestes do chamado “céu profundo”. Para uma primeira abordagem pode ser interessante, mas depois estará mais limitado se quiser aprofundar as suas observações astronómicas. No caso dos telescópios refratores, este tipo de telescópios encarece muito à medida do tamanho da sua objetiva. Depois também temos de levar em conta que existem telescópios refratores acromáticos (de menor qualidade e menor preço) e os apocromáticos (maior qualidade e mais caros).

Uma boa hipótese poderá ser um telescópio refletor, dado que para igual abertura, este tipo de telescópio é normalmente mais barato que um refrator ou que um catadióptrico. Ou seja, para um mesmo tamanho de objetiva, um reflector será na maioria das vezes o mais barato. Os telescópios refletores, por serem constituídos por espelhos em vez de lentes, não possuem o problema da aberração cromática, problema típico dos refratores. Neste ponto eu quero sublinhar que apesar de possuir algumas desvantagens, os telescópios refratores possuem também algumas vantagens e são instrumentos ópticos de grande utilidade para os astrónomos amadores hoje em dia! Um telescópio refrator pode ser uma boa opção de compra de telescópio, ainda que neste artigo pretendo apresentar outras opções que são também muito válidas.
Dentro dos telescópios refletores, caso que não faça questão de ter uma montagem muito sofisticada, um telescópio de Dobson pode ser uma excelente alternativa, pois é dado prioridade ao tamanho da objectiva reduzindo custos na parte estética e de acabamentos, possuindo ainda uma montagem simplificada. Os telescópios dobsonianos são muito baratos comparando com outros tipos de telescópios com a mesma abertura. Um telescópio Dobson de 150 mm ou de 200 mm pode ser uma boa alternativa, dependendo claro do seu orçamento disponível para esta compra. Uma outra coisa a ter em atenção é que quanto maior for o telescópio, naturalmente ficará mais pesado. Um telescópio refletor de 200 mm será mais difícil de transportar que um refrator de 80 mm por exemplo. Esse aspecto deverá também de ser levado em conta.

Concluindo, o telescópio ideal para si dependerá do seu perfil e dos objetivos que pretende alcançar com a compra do telescópio. Ficam neste artigo dicas importantes que podem ser um ponto de partida para decidir qual telescópio comprar.

Como complemento a este artigo, e se pretende comprar uns binóculos, sugiro a leitura do artigo: Binóculos e as observações astronómicas.

Para aprofundar um pouco mais este tema, fica ainda aqui a sugestão de um site que funciona como um guia para quem quer comprar um telescópio: http://www.comprartelescopio.net/.

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