A estrela Tabby (cuja designação oficial é KIC 8462852) é uma estrela que ultimamente tem despertado muito interesse e curiosidade por parte dos astrónomos, estando envolta por um mistério ainda não resolvido. Esta estrela tem apresentado grandes variações no seu brilho que ainda não foram devidamente explicadas, apesar de existirem várias hipóteses que tentam explicar o fenómeno.
Anteriormente, neste site já tinha sido apresentado um artigo sobre esta estrela: Estrela KIC 8462852 – Cuidado com as especulações!.
Desde então, o mistério que envolve esta estrela ainda não foi esclarecido e assim retomamos o assunto neste site.
A KIC 8462852 ganhou o apelido de estrela de Tabby, em homenagem à astrónoma Tabetha Boyajian que começou a estudar esta estrela e a estranha variação do seu brilho.
A estrela de Tabby (ou estrela Tabby) está situada a aproximadamente 1.480 anos-luz de nós, localizando-se na constelação do Cisne. A estrela Tabby tem uma magnitude aparente de +11,7 (não é visível a olho nu), sendo esta um pouco maior e mais massiva que o nosso Sol. Esta é uma estrela de classe F que está na sequência principal.
A estrela Tabby passou a ganhar notoriedade entre o público em geral por volta de Outubro de 2015. O motivo está no resultado de observações feitas pelo Telescópio Espacial Kepler. Este telescópio tem como objetivo detectar planetas a orbitar outras estrelas que não o nosso Sol (os chamados exoplanetas ou planetas extra-solares). Quando um planeta que orbita uma determinada estrela passa entre a estrela e o telescópio (ou seja, do nosso ponto de vista esse planeta transita em frente da estrela), o brilho da estrela em questão diminui muito ligeiramente. O Telescópio Espacial Kepler tem a capacidade de detectar essas pequenas diminuições de brilho. Um planeta do tamanho de Júpiter (o maior planeta do Sistema Solar), poderia diminuir o brilho da estrela na ordem de 1%. Aqui reside o mistério desta estrela, pois já foi detectada a diminuição da estrela na ordem dos 20%, não podendo tratar-se de um planeta a “atravessar” a estrela. Para além disso a variação do brilho da estrela Tabby não segue um período regular, como seria de esperar se tal variação de brilho fosse causado por um planeta.
Dado o tipo de estrela em questão, em princípio não é de se esperar que a sua variação de brilho seja causada por uma variabilidade intrínseca, ou seja, provavelmente é algo exterior à estrela que faz com que os astrónomos observem esta drástica mudança de brilho. Mas nem todos concordam com isso, pois contrariando um pouco a ideia anterior, já foi proposta a hipótese que esta é na realidade uma estrela variável (ou seja, a variação do brilho é causada pela própria estrela). Também já foi avançada a hipótese da estrela Tabby possuir grandes manchas que acabam por obscurecer o seu brilho.
Mas muitas outras hipóteses já foram sugeridas, umas mais plausíveis que outras, sendo que até agora todas elas têm se deparado com algumas dificuldades.
Uma dessas hipóteses sugere que a estrela Tabby é relativamente jovem, possuindo ainda material em torno dela que assim a obscurece.
Outra hipótese defende que o obscurecimento é causado por “destroços” de um protoplaneta que terá sofrido uma colisão. Esses destroços explicariam a variação de luminosidade que observamos.
Uma hipótese que ganhou notoriedade defende que esta variação de luminosidade é provocado por um grande número de cometas e de asteróides que passam “à frente” da estrela, diminuindo o seu brilho. Esta até foi possivelmente a hipótese que obteve mais aceitação entre os astrónomos (mas que também enfrenta sérias dificuldades, tais como todas as outras possibilidades sugeridas).
Segundo alguns astrónomos, podemos até estar diante de um fenómeno cuja explicação esteja na combinação de algumas das diversas hipóteses apresentadas.
Existem realmente várias possibilidades, vários modelos que poderão explicar convenientemente este curioso fenómeno.
A hipótese que mais tem sido difundida nos órgãos de comunicação social, é provavelmente a mais improvável de todas: existe quem defende que a variação de luminosidade da estrela Tabby é devida à existência de uma enorme estrutura artificial extraterrestre que a envolve! Seria uma espécie de “Esfera de Dyson”. Essa possibilidade foi inicialmente apresentada pelo astrónomo Jason Wright ligado ao projecto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence). Tal hipótese especulativa e improvável ganhou força nos órgãos de comunicação social e na internet. Curiosamente o astrónomo que avançou com esta possibilidade, reconheceu que a hipótese extraterrestre deverá de ser a última a ser considerada. Entretanto o SETI Institute já tentou detectar algum sinal de rádio vinda da possível (mas muito improvável) estrutura extraterrestre. Na sequência dessa tentativa, não foi detectada nenhuma evidência de sinal de rádio que fosse “suspeito”.
Conclusão: no momento em que este artigo foi escrito (18/08/2016) ainda não sabemos o que se passa com a estrela Tabby. Este é um assunto muito interessante sobre o qual muitos astrónomos estão a trabalhar. Teremos de aguardar por mais desenvolvimentos.